Cid diz que Bolsonaro recebeu hacker para falar sobre invasão às urnas

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Em interrogatório no Supremo Tribunal Federal (STF), nesta segunda-feira (9), o tenente-coronel Mauro Cid afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro recebeu, no Palácio do Planalto, em agosto de 2022, o hacker Delgatti Neto — condenado junto a deputada Carla Zambelli (PL-SP) por invasão ao sistema do Judiciário. O militar disse que eles conversaram sobre possíveis fraudes no sistema eleitoral brasileiro e que o ex-chefe do Executivo encaminhou o homem para uma reunião com “um general”.

Cid afirmou que o encontro ocorreu por intermediação de Zambelli. Na ocasião, Bolsonaro questionou se era possível invadir o sistema de votação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). “O único hacker que esteve com o presidente foi o Delgatti Neto. Ele estava levantando as hipóteses e tentando descobrir como poderia acontecer essa fraude”, relatou.

O delator contou que, diante da situação, Jair Bolsonaro ligou para “um general” (que ele não revelou o nome) para marcar uma reunião com o militar, Zambelli e o hacker. Ele afirmou que não teve mais retorno depois desse encontro. Na audiência, Cid também afirmou que Bolsonaro se isolou após ser derrotado nas urnas. Segundo ele, o ex-presidente recebia e reava todas as informações durante esse período por meio do ex-ministro Walter Braga Netto — réu pela trama golpista.

“Desde que ele (Bolsonaro) perdeu a eleição, ele ficou muito recluso. Quem tinha esse contato externo e que todo dia ia ar o que estava acontecendo para o presidente era a general Braga Netto”, disse.

Interrogatórios no STF

Mauro Cid é o primeiro a ser interrogado, pois fechou um acordo de delação premiada com a Polícia Federal. Os demais réus serão ouvidos em ordem alfabética. Jair Bolsonaro será o sexto, podendo falar entre terça-feira e quarta-feira. As oitivas podem se estender até sexta-feira.

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